INCREDULIDADE
O passar dos anos trouxe consigo tantas sobrecargas
que fez com que a intolerância tomasse conta de mim, coisas que já não possuem
valor para mim são simplesmente insuportáveis, uma espécie de raiva e descaso
por determinados assuntos e
comportamentos que socialmente estão tão bem organizados e que parecem não
merecer meu desprezo nessa engrenagem conformista que delineia o modo de vida
de uma só forma para todos, olhar essa parafernália toda me enoja, fico perplexa
pela imbecilidade que elas representam no percurso da humanidade, gosto da
dureza das rochas, da correnteza das
águas e da consistência da individualidade, vivo só por opção, representar não
faz parte dos meus planos, num relacionamento há muito o que dissimular, me
repugna o faz de conta, tenho medo de compromisso, como sou livre sei que não
suporto tanta carga, nunca sei o que vou pensar ou sentir no amanhã, prefiro as
relações inconstantes, não sei em que ponto de minha existência me tornei assim
tão efêmera, sei o peso que me custa e o alívio que me traz, a fugacidade é uma
marca de minha escassa vivência nesse mundo enquadrado em medidas tão exatas
que minha inexatidão não tem espaço, dentro de mim há uma cerca viva que me
protege e também me isola, só entra quem permito; embora, algumas vezes
pequenas ameaças tenham tentado trilhar nesse espaço pouco percorrido, logo
foram banidas, meu olhar salienta os defeitos e oculta as virtudes, acho que é
uma espécie de auto defesa, expulsos os perigos estou a salvo de novo, tenho
medo de mim não deles, sei que os amores mais cedo ou mais tarde apodrecem e
como frutos maduros despencam no chão, prefiro não viver os sentimentos do que
sofrer, fico só na espreita observando a idiotice do amor e a sua falsidade, nada
é eterno, muito menos o amor.
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